sexta-feira, 28 de setembro de 2012

Um Poema em cada Árvore











No Dia 21 de Setembro, a Associação Olha o Chico, em Parceria com o Instituto PSIA, realizou a Ação " UM POEMA EM CADA ÁRVORE", eis aqui um pouco do registro visual da Ação.
Queremos agradecer o carinho e dedicação da Agente ambiental Ingrid Dandara, que ao manhecer do dia 21 estava na Praça Pública distribuíndo poesias para a população de Piaçabuçu e a todos os envolvidos na ação.

quinta-feira, 27 de setembro de 2012

POEMAS SELECIONADOS




Seguem os poemas selecionados, em Piaçabuçu, para o projeto
UMA POESIA EM CADA ÁRVORE



EU QUERIA SER UMA FLOR

Eu queria ser uma flor
E você uma borboleta
Para gente se amar
Como Romeu e Julieta.

Janderson Wallasy Silva Sallys, Piaçabuçu/AL.


PAREDES

És feito de concreto, tens destino incerto,
porém, tu pareces ser coberta com visgo,
a seu lado corro perigo, pois consegues me embriagar.
Basta teu beijo provar para me sentir tua.

Quando me olhas pareces estar me despindo,
deixando-me completamente nua.
Deixa-me ir, não posso continuar com esse desvario,
teu corpo tem vida e força como a correnteza de um rio.

Posso tocar-te onde desejar, contudo,
onde mais quero, não deixas ninguém penetrar,
pusestes barreiras em teu coração; almejo-te com paixão,
um dia hei de chegar lá e com veracidade mostrar-lhe-ei o amor pleno, pulcro e sereno.

Liliane Santos, Piaçabuçu/AL.


BRISA

Estou no ar, sou leve, vivo a flutuar.
É nas sombras das árvores que gosto de estar presente.

Seja pela manhã ou à tardinha, estou solta no vento,
a diversão é toda minha.
Refresco, consigo até aos estressados relaxar.

Quando toco o rosto de alguém trago lembrança,
tenho duração infinita, assim como o amor e a esperança.

Também tenho um sopro que suaviza e ao
contrário do vendaval, sou mansa, sou a
irmãzinha do vento: a brisa.

Maria José (Zezinh), Piaçabuçu/AL.


CUIDAR BEM

Se o homem entendesse o valor do universo,
Não desmataria tanto,
Não seria tão perverso.
Se ele usasse a inteligência que Deus
lhe deu para pensar bem,
Não haveria tanta tristeza e morte
para o ser humano também.
Do que adianta o criador ter dado o dom de pensar,
se o homem vai lá e derruba e destrói
as aves, as árvores, flores e bichos do mar ficam extintos.
Com a ganância humana de sempre lucrar,
Seria bom conscientizar,
parar de poluir, parar de desmatar.
E cuidar bem das coisas boas
que o criador nos deu para aproveitar,
cuidar bem dos seres vivos,
enfim de toda a natureza,
Preservar o meio ambiente
E essa rara beleza.

Jadson Túlio, Piaçabuçu/AL.

DANÇA DA VIDA
Em busca. De mim. Do movimento...
Em busca de quebrar as amarras que aprisionam o corpo em movimento.
Em busca de encontrar, no outro, um pouco do eu meu.
Querendo cuidar do que fui e ficou.

Do que sou e ficará,
do que serei a partir do que fui e sou.
Querendo descobrir-me e libertar-me.
Querendo paz, prazer,
Querendo o que nem sei ainda ser...
Senti medo e raiva do medo.

Medo de errar, como se houvessem erros.
Medo de gozar, como se fosse pecado.
Medo de entregar-me, como se fosse proibido.
Medo de ousar, como se fosse temeroso descobrir o novo.

Tive vontade de me jogar no chão e não o fiz.
Tive vontade de voar e não consegui.
Tive receio de machucar os outros e limitei meus movimentos.
Tive vontade de manter sempre os olhos fechados, mas os abri.

Senti tanto e tão pouco,
fiz apenas o que deu pra fazer.
Mas criei a certeza de que esse pouco
se ampliará no movimento da dança, reverberará nas ondas sonoras,
criará uma nova forma e plasticidade de um ser que,
em sendo uma intensão de ser, está sendo, constantemente.
Dalva de Castro, Piaçabuçu/AL.


O  SABIÁ

Ouve-se um dia de primavera uma estação sempre linda, tempo das flores, o tempo que se comemora o amor.

Um beija-flor lindo chegou
ao meu jardim, ao meu lado, bem juntinho a mim.

Beijou a flor, olhou para mim e cantou uma das lindas canções que emocionou o meu coração.
Fiquei ouvindo aquela linda canção, que o beija-flor cantou.

Mas não foi só ele,
no outro galho de jasmim,
um bem-te-vi cantou também, bem juntinho a mim.

Cantou esta cação,
bem-te-vi, bem-te-vi.
Uma canção tradicional,
que o bem-te-vi gosta de cantar.

Em um galho de roseira,
cantava lindo o sábia.
Só para mim, do outro lado do jardim cantava  também, o tal vim-vim,
dizendo que alguém vinha
em seu canto anunciar.

Quando de repente voou o sabiá, para bem longe,
triste a cantar.

Também voou, o lindo beija-flor, no outro galho de jasmim, bateu asa e voou.

Quando a fogo-pagou cantou, anunciando que o nosso amor acabou,
triste também voou.

De tristeza as flores murcharam,
as borboletas e abelhas também voaram, porque nas flores não existiam mais mel, só em meus olhos existia o chorar.

Por que naquela linda estação, o meu amor feriu o meu coração, quando também cantou a juriti com injuria de mim, triste também voou.

E eu sem consolo, chorava sem parar, chorava sem parar e ainda bem longe,
ouvia o canto triste do sábia.
Maria José (Zezinha), Piaçabuçu/AL.

SE EU

Parasse de cantar?
Se eu parasse de queimar?
Se eu parasse de respirar?
A árvore é o nosso ar.
Se eu parasse de plantar?
Não teria sombra?
Não teria frutos?
A vida seria um luto.
E no meu português errado,
eu digo sem perder a rima:
porque estamos destruindo ela?
E pergunto a vocês,
Cultivamos e plantamos a árvore,
ou a matamos de uma vez?
A árvore é vida, a árvore quem fez
a folha que transmito essa mensagem pra vocês.
Jadson Túlio, Piaçabuçu/AL.

SOU DO MATO

Sou do mato, do chão de terra, do cheiro de capim, do toque da umidade sobre a pele.
Sou da noite, do céu de estrelas, da luz da cadeira que ilumina o terraço.
Sou de canções e histórias ao redor da fogueira.
Sou do carinho que se faz a cada acordar.
Sou da mesa barulhenta de tanta gente a falar.
Sou da casa grande, de meninos correndo, brincando de esconde-esconde.
Sou do dedo que lambe a panela de bolo, da mão que enrola o biscoito.
Sou dá lágrima envergonhada que ainda assim se faz ver.
Sou do mundo, do universo, sou do ir e do voltar.
Sou do canto que se chama casa, onde a família se deixa encontrar.
Dalva de Castro, Piaçabuçu/AL.


EU QUERO SER QUEM SOU

Ah! ... Se eu pudesse ser,
um passarinho a voar,
voaria ao seu encontro,
para sempre te amar.

Mas um passarinho,
não posso ser,
quem sabe no meio do caminho, um caçador não me caça para comer.

Ah!... Se eu pudesse ser peixinho,
eu iria nadar no mais fundo do mar, ao seu encontro para te amar, fazendo lindas borbulhas para te conquistar.

Um peixinho?
Não! Não! Não posso ser,
quem sabe um pescador não me vem pescar para saborear.

Ah! … Se eu pudesse ser uma estrela, vivia no céu, bela, a piscar.
Uma estrela não pode ser,
pois enquanto eu estiver no céu a piscar, você estaria com outra a se amar.

Bom, sendo assim o vento não posso ser, pois enquanto te refresco, outra amaria você.

Ah!... Se eu pudesse ser a  água  do chuveiro, que te banha o corpo inteiro, nossa! Esta não.
Essa água não posso ser,
pois depois do banho, você vai me esquecer.

Então eu queria ser a toalha, que  seca seu corpo inteiro.
Nossa! Uma toalha não quero ser, pois depois do banho você vai me esquecer.

Então!  Poder te amar é tudo que eu quero, mas com o meu jeito de ser, confusa e indecisa, porém, com a mais pura certeza de querer ser: Eu mesma.

Maria José (Zezinha), Piaçabuçu/AL


CALE-SE!

É o barulho interno que grita mais alto que a batucada.
A batucada é convite à vida que parece morrer.
Uma morte silente de olhos que olham para dentro e vê o invisível aos olhos, mas não sabe o que fazer.
Tentei acalmar a mente, calar o grito que mandava calar-me ou entender o que aquele “calar” queria dizer.
Nada se aquietou...
Apenas um turbilhão crescente de interrogações povoava a mente, lágrimas teimavam em escorrer pelos cantos dos olhos e o silêncio agarrava como garras, arranhando com força a garganta para fazê-la incapaz de falar.
Tentei libertar as amarras, aceitar o convite da festa, deixar o canto sair e o corpo dançar, mas o grito dizendo “cale-se!” virou ordem, emudeceu-me.
A garganta, de tão irritada calou-se por dias.
E enquanto silenciava, ouvia do mais fundo do fundo do poço, de onde vinha todo aquele barulho interno, um som em sussurros mínimos, dizendo para seguir.

Dalva de Castro, Piaçabuçu/AL.